NÃO ERA


Não era
uma estrela
era uma mancha
na vidraça
Não era
uma chuva
era o trinco
era a porta
que nunca se abria
em pequenas doses
quando a hora avança
para o escuro
como um rio
que inevitavelmente
segue seu curso
Nas cordas
do meu violão
Na melodia
que me chama
No verso
que te ausenta
Não era
o meu corpo
era a falta
em abandono
(nem teus olhos
mas a saudade
que nunca opaca)
Não era
mais a vida
era a medida
num resto dela
Não era
um trapezista
era eu
neste mundo
de equilibrista
(um palhaço
de lágrimas ocultas)
Não fosse propício
Não fosse a lua
A prata do breu
Eu jogado num sofá
crendo como um ateu
A janela
o quarto da vida
A mancha na vidraça
(Não fosse)
o prostituto
desta mentira
que só eu creio
mas não
(não)
era uma estrela

GilbertoMaha®©

Um comentário:

POESIA CÁ E LÁ disse...

Passeando por aqui. Deixando meus votos de bom fim de semana.

POETA

Poeta é bicho carpinteiro,
com borboletas no estômago
e pirilampos no olhar.

Clau Assi