Quisera, queria... quem me dera



















Quisera eu
esconder-te em meu abrigo
Quisera eu
aquecer-te em tempestade
Quisera eu
consolar-te em ombro amigo
Quisera eu
estrelar-te em dia, majestade

Eu queria
era, em vôos, te levar
Eu queria
era, em brisas, te guiar
Eu queria
era, em marés, te embarcar
Eu queria
era, em poesias, te rimar

Quem me dera
transmutar-me em flor
Quem me dera
Deixar-me seguir, passo a passo
Quem me dera
delirar-me de amor
Quem me dera
encontrar-me em seu abraço

GilbertoMaha®®

Amargo Remorso







Hoje
sentado na cadeira velha
na varanda da vida
desfilam em minha mente
lembranças e desesperanças
Sentindo meu coração
se apertar, se murchar
quando lembro
dos meus agora adultos
mas antes, minhas crianças
Agora
sinto-me envelhecer
e não ter sabido
em meus braços
os acolher
quando ainda existia a bonança
De ter andado de mãos unidas
levando-os à escola
De tê-los acompanhado
às festas juninas
ou simplesmente
de bola ter brincado
De haver-me estado
aos seus lados
nas suas dores de barriga
depois de terem comido
sempre escondido
doces e caramelados
ou simplesmente 
de tê-los das ruas
separados das brigas
 De haver levado
a passear de barco
 e cuidar de seus enjôos
ou de tê-los levado
aos parques, aos circos
ou aos tranqüilos zôos
Não troquei suas fraldas
de cacas amareladas
olhando em seus olhinhos
distraindo-os com chucalhinhos
Com eles nunca brinquei
de esconde, esconde
ou de pular amarelinhas
nem tão pouco 
de bandido e mocinho
Nunca os ensinei
a subirem nas árvores
para buscar a fruta mais madura
Não
só procurei minha própria vida
de trabalho, de egoísmo
e de negócios
Hoje
sentado na velha cadeira
na varanda da vida
vou pouco a pouco
corroendo os ossos
me desfazendo
vivendo meus remorsos
Pergunto a mim mesmo
do fundo já deste fraco coração
que pode fazer alguém
que sempre viveu
fora dos trilhos
como trazer de volta
àqueles olhinhos, os brilhos
e de cada filho, o seu perdão






GilbertoMaha®©