Infâmia

(De carona com Sá e Guarabira)

Infâmia
eu fui verdadeiro

Infâmia
não fui traiçoeiro

Infâmia
eu tinha ideais

Mas você
tomou um rumo
sem saber a direção
como é que me aprumo
se fiquei na contra mão

Tum, tum, tum
batem em meu peito
e eu não deixo a porta abrir

Já não tenho paciência
em continuar a existir

Esta minha existência
já não tem motivação

Sigo o rumo da ciência
entro em decomposição

Infâmia
veja o que me fez

Infâmia
sua insensatez

Infâmia
você foi mordaz

Me deixou um maltrapilho maltratado
um eunuco incapaz

Agora estou fora do trilho
um maluco enlouquecido
já sem paz

Quem está fora de rumo
desta vez agora sou eu

Já não sei se acordo ou durmo
se é noite ou amanheceu

Tum, tum, tum
Batem na porta do meu peito
agora deixo tudo entrar

Me encontram em contra jeito
pois meu coração foi passear

Infâmia

GilbertoMaha®©

Juízo Vazio

Te quero
minha figura santa
já não adianta
tanto esperar
Se vivo
neste meu
martírio infindo
o tempo
se esvai e indo
já não vai
nos aguardar
E estes nossos
lampejos tolos
por falta de consolos
vão acabar
por nos afastar
Te peço
em tom todo clemente
doce e gentilmente
quero te amar
Amar
com ternura plena
Eu sei que vale a pena
te querer
e te gostar
Gostar como se gosta
de nosso próprio juízo
e apesar disso
deve-se dele se esvaziar

GilbertoMaha®©

Desabrigados

Sofro
e a tristeza
que invade meu peito
é uma constante
tornando meu mundo vazio
Mas tenho o pressentimento
de que sofres comigo

Choro
e o pranto que brota em meus olhos
é uma fonte inesgotável
que abastece um rio
Rio de lágrimas
em que me banho contigo

Errei, errastes, erramos
e agora
somos desfolhados ramos
de uma árvore
que já não nos serve mais
como abrigo

GilbertoMaha®©